terça-feira, 13 de julho de 2010

en-cont(r)o

um longo dia. longas cervejas. boas doses de uma cachaça bem ruim - a única que tinham por lá. minha cabeça rotacionava infinitamente. a noite já era quase-dia e meus pés congelavam. as unhas estavam roxas e meu estômago queria ir pra casa.
- não! eu não acredito em mais nada!
...
- nem em ninguém!
...
- vou pra casa me jogar da varanda! minha cabeça vai espatifar no chão que nem bosta!
- talvez seja melhor você se acalmar. - disse o homem.
- eu vou pra casa me jogar da varandaaaaa! - berrei, vomitando tudo o que havia e que não havia no meu estômago.
o homem limpou tudo do jeito que dava. colocou um pano úmido na minha testa, me cobriu com um cobertor vermelho e me fez tomar um copo d'água.
- deus? é você? - perguntei, apalpando seu rosto negro.
- está melhor, não está?
- deus! é você!
- agora é melhor que vá pra casa dormir.
- sempre soube que você viria. sempre soube que reconheceria seu rosto. minha avó sempre disse que é nas horas mais aflitivas que deus aparece pra te ajudar... que bom que ela tem razão!
- é hora de discernir.
- é hora de dormir, deus, tem toda a razão.
- boa noite.
- boa noite!
meus pés estavam quentes. minha cama estava muito confortável.
estava tudo no seu devido lugar.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

um passo.

enquanto minhas mãos tateiam superfícies-alma
abro os olhos dentro da venda negra
e enxergo arco-íris.
das drogas pesadas, o que penso será a mais intensa delas
e o que sinto, a mais vi-(s)-ceral das vi(-)cerais.
quando vomitar de tanto pensar, presentearei meu corpo com sentimentos sinceros.
é assim que vou seguir.

mas que fique bem claro: minha paciência não é ciência exata.
é arte.

terça-feira, 6 de julho de 2010

non-sense

.
um silêncio que pensa ironizar
dói.
vinga.
mata.
bem dramático, assim.

um silêncio que sempre existiu. o silêncio das tragadas e dos olhares. e dos não-olhares.
um silêncio disfarçado nas conversas. embebido em cervejas. camuflado em conceitos. colorido pelas piadas. ofuscado pelo meu próprio, tão nítido.

um silêncio covarde.

.
e já que a nova-ordem é surpreender assim, desenganando-nos, reforço aos berros, socando os braços em cima da mesa, suando o corpo todo, com o rosto vermelho-sangue e as veias da minha testa saltando sob a pele:
- !

.
não é ironia.
é uma questão de escolha.