sábado, 29 de maio de 2010

cores-imagens (epílogo)

foi preciso. eu quis. eu procurei e arranjei tudo porque eu ansiava por isso. por ver você e saber e sentir como você está e como está a sua vida. tremi desde o antes-do-começo até a caminhada voluntária da uma e pouco da manhã. pouco consegui falar, como já esperava. e pensei muito. muito, muito. e fui absorvendo a verdade das coisas assim... poro por poro. cada silêncio, uma agulhada no meio da testa. outra no peito. muitas no corpo todo. voltei pra casa com uma agulha em cada dor.
foi preciso. eu quis. eu procurei e arranjei tudo porque eu ansiava pela verdade-da-verdade (não a minha verdade-nada-confiável).
foi preciso.

caminhando e cantando...

terça-feira, 25 de maio de 2010

a essência dos velhos novos.

o pré foi como o planejado: estudado, tocado, errado, consertado, trabalhado, bem-ensaiado. cada segunda-feira, horas e horas de notas e risadas e piadas e alfinetadas e traves e olhares tortos e timbres e andamentos e abobrinhas e altos e baixos em altos e bons tons muito bem arranjados.

arrumação: equipamentos. horários. ligações. saída. estrada. chegada. qual é o nome da avenida mesmo? e o coração
rubato crescendo sem pausa. accelerando!
me passa o cabo? as tomadas aqui são 220, viu?!
cadê meu banquinho? moço, tem como guardar essa mochila aí? nossa, suando! tira um pouco do médio, por favor. alô, som!, ê!, ah!, som!. dá um lá? cuidado com o prato! beleza. certo. uhum. ok, ok. vâmo? vâmo.

os primeiros quatro acordes ainda tremidos. será que estão gostando? merda de reflexo na minha partitura! um sol natural no A7+ da introdução, um
ops! interno, outros externos (risonhos), olhos fechados, uma inspiração profunda e pronto: não havia mais ninguém. estávamos sós. pra cada um, uma função-essência. mãos e pés dançantes. voz alucinante. cada qual com sua guia, nos-guiando-nos numa corrente de nuvens coloridas. olhares cúmplices. sorrisos discretos. temas memoráveis. sensações contínuas. suspiro. cabeça baixa, nota bem-timbrada. olhos fechados. e as nuvens ali, cochichando plenitude nas pausas de semínima... silenciando satisfeitas nas frases bem-colocadas. o gozo. a eternidade. nada na mente. e o mundo acontecendo ali, em cada mão e pé e voz e corpo todo. paz. suspiros infindos. alma.

uma alma só. bordada a sons e silêncios dos mais preciosos: os nossos.

domingo, 23 de maio de 2010

de mim: um quadro.

você pode ouvir falar muita coisa. apreciar a cortesia de quase-todos os dias e querer explorá-la. conversar por uns minutos e querer muitos outros. saber de uma fama daqui e dali e querer provar com as próprias mãos ou língua ou outras partes. sentir um pouco desse silêncio aqui e querer entendê-lo. ouvir um trechinho de uma valsa e querer todos os movimentos de todos os outros sons e tons. ouvir uma piada original e querer rir ainda mais. ver uma beleza única e querer que ela continue única todos os dias restantes. sentir uma firmeza não esperada e querer admirá-la sempre.
devo dar o aviso:
a cortesia é rasa. a conversa não se mantém interessante nos outros muitos minutos. famas são efêmeras. o silêncio é meu regente e não há quem o domine. não sei tocar os outros movimentos em outros tons. só sei uma piada original. a beleza única se deve somente ao que se chama de primeira-visão; ela cansa nas que vêm depois. a firmeza que abre-alas abre para um mundo de insegurança sem disfarce.
eu e os que já ultrapassaram a fronteira podemos recomendar com propriedade: admire o quadro somente até a faixa amarela.

sábado, 22 de maio de 2010

um ano.

22 de maio de 2010.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

de minas

ouvi uma música bem mineira e chorei.
me fez pensar nas reuniões fartas de carnes e cachaças e di-tri-tetra-álogos
e no tamanho dessa coisa toda.
e em todos os meus aniversários mineiros.
nos cigarretes e coxinhas e pães de queijo e doces e bolos incomparáveis
dança e pega-pega e bicicleta e pique-nique e jogos de tabuleiro em dias frios
e roça! pasto, vaca, trilha, pinguela, galinheiro, erosão, mangueira, cavalo, cerca, terreiro de café (procurando um filipe pra ter sorte o ano todo!) e pés imundos e pôr-do-sol.

a felicidade.
quando chego no trevo, já sinto o cheiro de lá. e toda a felicidade me invade e me inspira e inspiro essa paz de olhos fechados. deleite.

logo, logo...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

um outro ensaio sobre o amor.

há canções e poesias e muros pintados e esculturas e cinemas e fotografias e textos como este, tão rasos e repetidos e cansativos e nublados. todos os clichês e todas as artes, enfim. um mundo todo disposto a interrogá-lo. uma legião de surdos-mudos por opção. traumatizados. revoltados! agora é pé no chão! o nunca-mais é meu guia e tudo dará certo. e mergulhamos de novo no que não conhecemos e temos medo de novo de permanecermos cegos - não sei se por opção, ainda - e assim esperamos, na beira da praia, sozinhos-de-fato, com os pés nessa areia que esquenta e esfria tão rápido, uma resposta da maré - que esquenta e esfria bem devagar. ansiamos. cansamos. ansiamos novamente. ("é, pode ser que a maré não vire.") perguntas-aladas (todos sabemos quais são). elas continuam sem resposta. e morrerão perguntas. e viverão perguntas. combustível de pulmões ansiosos como o seu. e o dele também. e o meu e o dela. e o de quem busca um suspiro por dia, que seja. e de quem não se contenta com seu próprio discurso realista e (esse, sim) hipócrita.

vamos chegar a ele sem reivindicações, desejando apenas sua simples presença.
e tornar-nos insustentáveis, como deve e leve ser.

domingo, 16 de maio de 2010

o cu do borba gato

fomefomefome! ali, ó. vamos.
que fila enorme!
ah, não me importo. ... de que material será que ele é feito?
espuma.
tem certeza?
ou isopor, sei lá...
olha só! tem uma porta ali nas costas dele!
não é uma porta!
claro que é! olha o contorno...
não é uma porta!
é, sim!
você acha que cabe ali dentro, então?
do que você tá falando? olha aquela porta ali! nas costas dele.
é o cu dele!
não! ali, na roupa, tipo, nas costas, entendeu?
então é isso? você acha que cabe no cu do borba gato?
hahahahahahahaha
hahahahahahahaha
(e mais e mais hahahás)
eu preciso escrever esse diálogo!
tem que chamar "o cu do borba gato"

próximo!

me vê dois de pizza, por favor.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

um conto no cemitério

havia um maço de cigarro, um caixa-de-dois-fósforos e duas almas.
ali ficaram.
ali padeceram por eternos vinte e poucos minutos.

fogo-fátuo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

em época de céu azul e vento frio e sol brilhante

eu leio parte de um livro. outro pedaço de outro. anoto no papel reciclado da agenda o esperado encontro em bic azul. uma marca-texto pra ajustar e pronto! eu confirmo um ensaio. eu assino uns cheques pra um presentão que vou me dar em breve - suaves dez prestações e será meu pra sempre. minha pele se arrepia toda. fecho a janela. organizo as oito pastas de música em cima da cama. surpreendo-me olhando o quadro-de-fotos-sem-fotos (uma lá no alto vai de ré a si, mais pra direita, uma semana inteira tabelada e no grande centro, os bonecos que tãojuntos) por quase cinco minutos inteiros (minha nossa!).
- virgínia sempre me encarando. como é expressiva! -
vamos ao que interessa! o dia lá fora é um quadro lindo de se mergulhar.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

atenciosamente...

esta comunicação aqui é uma sala de paredes brancas, móveis brancos e portas brancas. as janelas (que estão fechadas) também são brancas. a secretária é branca e veste um macacão todo branco. não é possível ver seu rosto. as cadeiras que esperam pessoas são brancas. o tapete de entrada é branquinho!
(meus olhos também doem.)
perdoe-me se, depois de tanto tempo em branco (sim?), te procuro assim, em branco.
há dias brancos penso colorido e ainda assim não consigo colorir coisa alguma. tomei coragem, peguei o estojo de lápis-aquarelável de 48 cores e o papel - branco. cores demais, vista embaralhada, e aí escolhi ele: o lápis branco. descobri que ele não é branco! (bom, tem aquela história dos milhares tons de branco, não é? eu acredito.)
perdoe-me se, depois de tanto (sim?) tempo, te procuro assim.
da última vez, derrubei um balde d'água no meu desenho e o que deveria virar tela de aquarela virou arte abstrata-concreta demais. não gostei, então o lápis branco me pareceu menos perigoso dessa vez.
desculpas-em-cores-frias à parte...

quero ver você. sentir você como puder. ouvir você, se lhe convier. papear e rir e silenciar um pouquinho. sabe?
pulso.

domingo, 9 de maio de 2010

uma crise.

falando de devos e achos e sintos e acreditos...
es-se perder me parece tão recíproco...! ninguém saiu com troféu de ouro pra colocar na estante.

é. não teve graça pra ninguém.


quinta-feira, 6 de maio de 2010

maçã amorosíssima

confesso... nunca. nunquinha.
pretendo desvirginar essa boca e essa língua e esse paladar inteiro agora mesmo, nas tantas festas
sanfoneiras e xadrezes e quentonas que estão por vir.
algodão-doce, conheço bem. como muitos outros tolos, como desde criancinha achando o máximo aquele monte de açúcar colorido e
grudento virando pó-zinho mágico dentro da boca, num sumir tão bizarro quanto excitante. até virar metáfora-de-amor em anos tardios. amor que como como muitos outros tolos, achando o máximo aquele monte de açúcar colorido e grudento virando pó-zinho mágico dentro da boca e da língua e do corpo todo, num sumir tão bizarro quanto inevitável.

festas e solidões ainda maiores...! e mais suspiros. penso no que se foi e meus olhos se enchem de lágrimas. penso no aqui, pé no chão, presente e no que está por vir e as lágrimas escorrem feito chuva mesmo. de verão.

vou morder essa maçã com toda a vontade do mundo.

terça-feira, 4 de maio de 2010

pra sempre.

(seu talento permite que o prefácio lhe pertença, é claro)
o tal mundo particular, a poesia, o avesso, os vômitos, as hipnoses, cores e sexos, significados, carnavais, enfim, indecifráveis mesmo por mim, alcançam uma insanidade absurda e real. é. o seu poder me descontrola.

é fantástica.
decor. de-coração-entregue.
entra pelos sete buracos da minha cabeça.
minha dádiva.
é a coisa mais bonita em toda a natureza.
corpo e alma e luz.
obrigada, vida!
lembro-me de lhe ver. e derreter.
dias de sol, de nuvens, de chuva, de lua, de estrelas, de claro ou de escuro... todos os dias.
em paleta de cores infinitas.
coisa que gosto mais que x-tudo!
coisa tão grande, essa, nossa.
chorar-pra-agradecer-mesmo.
nossa sorte.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

sem rugas, só clichês.

hoje eu não quero falar de julgamento nem de compreensão nem do seu lado nem do meu nem de necessidade nem de carência nem de recalque nem de loucura nem de mágoa
minha ou sua
nem de qualquer coisa morta ou fluorescente (uma vez matei um vaga-lume sem saber que era um vaga-lume. bom. mesmo morto, ele brilhava.)
nem do que faz bem ou mal ou nada
nem do que ainda guardo nem do que quero de volta
bens materiais e maus (com "u") e espirituais e gerais também.

falar, nada
nem de vontade
nem um pouco à vontade.