sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

pequeno ensaio de uma alma

é sobre níveis de consciência. o ego, o ap-ego, o corpo e suas frustrações. o que está além e não se pode nem dizer que "está", porque é mesmo além. tão difícil explicar quanto entender. a nível mental, não se dá compreensão alguma. no intuitivo, sim... é onde entendimento não depende de razão. chamaria isso de libertação (ou quase). se essa linguagem crua não trouxesse limites, talvez. mas é o que está ao alcance. não é conformismo. é o que uma mente chama de fato. e o que chamo de meta é a evolução máxima de um ego tão -ísta quanto todos os outros: o meu.

domingo, 24 de janeiro de 2010

levantei, já eram duas e pouco. as horas dormidas não foram tantas assim. foi uma noite de milagre.
as perguntas têm o tempo das moscas? e pra cada resposta-silêncio, uma porrada.
vomito, porque falar é muito mais difícil.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

a pobreza (prólogo)

procurei um bom livro. folheava todos eles, talvez buscando aquele poder de ler na velocidade da luz. não tive sucesso algum. nem achei o bom livro. devo admitir que era só uma distração, algo como concretizar-um-problema, sabe como é?
pois é, você vê? este é meu grande problema! não consigo achar um bom livro pra ler!
... e, quando alguém indica um, faço cara de interessada, digo algo como "vou até anotar" e esqueço em mais uns segundos. note que o problema não é um livro. há muitos deles. incríveis. ao menos notáveis.
rezo diariamente para que seja um sintoma daquela mesma felicidade clandestina que li outro dia. um verdadeiro bom conto. rezo sempre, porque se for sintoma de coisa mais grave, talvez prefira morrer sem saber.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

perguntei a todos eles:
- que horas são?

foram unânimes no conselho.
só não acho que meu fígado ainda deseje se embriagar sem parar.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

o céu chorou o dia todo. uma ou outra pausa pro leite com nescau, e lá estava ele aos prantos novamente. não cansa. como cansa...!

tento enumerar os erros. catalogá-los, talvez. classificá-los (por ordem de não-sei-o-quê). é beco sem saída. fecho e abro os olhos. estou no mesmo lugar. a cabeça já é dada como desaparecida. adolescente, revolta, e que causa? voilà! ... descubro-me juíza e ré. e a mente, que não me deixa em paz? céus...! não quero acho-espero-tomara nem será?. quero o silêncio que é inspiração. respiração. não encontro o ar nem sinto a fome. cadê? o que meu corpo tem a dizer disso tudo? silêncio.

quando a fome aperta, sinto a força. nada é mais suculento do que imaginar sua morte lenta e dolorosa. ufa! uma pratada. o movimento mecânico e cego. pena de morte já sabida. e então, o luto: nem cheiro de tempero posso sentir. nem passar os olhos pelo que restou daquele banquete é possível. o corpo o rejeita aos berros! o que era desejo se veste num quase-nojo cheio de bordados e brilhantes. brindemos à ironia!

não disfarço o sentido figurado. a figura é bem clara. a linguagem é a mesma: é o processo abstrato e sólido da dor (que poder tem a convicção?). aos prantos, toda dor vem bem-vestida. os mesmos bordados e brilhantes. não consigo olhá-los por mais de alguns segundos. quase vomito. sumam! maldito gerúndio-de-sofrer. maldita mania (minha, sim, já não culpo ninguém) de emoldurar tais aviamentos toda vez que aparecem, em vez de ignorá-los e ponto. nessas horas não há cegueira. há olhos embaçados e só. resta saber se as plumas e paetês da vez também foram, um dia, desejos mal-vestidos, como aqueles, de comer, suculentos e cegos. em absoluto, não.

o que aquele compositor disse outro dia é verdade que faço caber a mim:
vaidade é mesmo droga pesada.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

cigarros em trigos

reunião de família. páscoa, ou coisa assim. calor. quanta comida, meu deus! televisão ligada pra ninguém (talvez pro primo tímido, ou "autista opcional", como escorreriam aqueles pequenos venenos). três ou quatro tias na cozinha, diálogos indecifráveis. as crianças mais novas no centro de gravidade. a empregada, de lá pra cá, sua muito. e eu sentada no sofá em busca de respostas plausíveis para o que chamo de uma idéia a se pensar: o silêncio.

falávamos sobre a insegurança e seus relativos. o que é fato, o que é verdade, o mutável e o morto. coisas assim, que pensamos sempre (até começarmos a suar tanto!, mas tanto! que acordamos assustados). foram mais umas boas idéias. alimento para todas as outras enquanto eu respirar.
e em cada pausa, um cigarro.

creio apenas em segredos. desses pequenos e de verdade. não segredos-bolha-de-sabão (como aquelas verdades lá...). segredos-vapor. existem. calam.

um cigarro é um silêncio.

tragada-segredo
(um embrião de trava-língua)

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

o parto

o ar começa a entrar.
rasga os pulmões.
choro.

modestamente