quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

o céu chorou o dia todo. uma ou outra pausa pro leite com nescau, e lá estava ele aos prantos novamente. não cansa. como cansa...!

tento enumerar os erros. catalogá-los, talvez. classificá-los (por ordem de não-sei-o-quê). é beco sem saída. fecho e abro os olhos. estou no mesmo lugar. a cabeça já é dada como desaparecida. adolescente, revolta, e que causa? voilà! ... descubro-me juíza e ré. e a mente, que não me deixa em paz? céus...! não quero acho-espero-tomara nem será?. quero o silêncio que é inspiração. respiração. não encontro o ar nem sinto a fome. cadê? o que meu corpo tem a dizer disso tudo? silêncio.

quando a fome aperta, sinto a força. nada é mais suculento do que imaginar sua morte lenta e dolorosa. ufa! uma pratada. o movimento mecânico e cego. pena de morte já sabida. e então, o luto: nem cheiro de tempero posso sentir. nem passar os olhos pelo que restou daquele banquete é possível. o corpo o rejeita aos berros! o que era desejo se veste num quase-nojo cheio de bordados e brilhantes. brindemos à ironia!

não disfarço o sentido figurado. a figura é bem clara. a linguagem é a mesma: é o processo abstrato e sólido da dor (que poder tem a convicção?). aos prantos, toda dor vem bem-vestida. os mesmos bordados e brilhantes. não consigo olhá-los por mais de alguns segundos. quase vomito. sumam! maldito gerúndio-de-sofrer. maldita mania (minha, sim, já não culpo ninguém) de emoldurar tais aviamentos toda vez que aparecem, em vez de ignorá-los e ponto. nessas horas não há cegueira. há olhos embaçados e só. resta saber se as plumas e paetês da vez também foram, um dia, desejos mal-vestidos, como aqueles, de comer, suculentos e cegos. em absoluto, não.

o que aquele compositor disse outro dia é verdade que faço caber a mim:
vaidade é mesmo droga pesada.