terça-feira, 8 de junho de 2010

a prova de piano

eu toquei com todo o afinco e todo o sentimento que me acompanhou desde as pré-parações suadas e com quase toda a segurança que o tal suor supostamente nos dá nessas horas. (daria pra fazer disso tudo uma coisa menor e tornar-me, assim, mais relapsa e ainda mais insegura - como já aconteceu -, mas não foi o caso.)
como todos que se metem com música acabam descobrindo... o que você faz nunca soa bem o suficiente. aliás, quase sempre está bem longe de ser o melhor.
(bom, talvez seja o caso de nos mantermos assim: estudiosos-ansiosos-obsessivos. música não combina com inércia mesmo...!)

depois do conc(s)erto, ouvi conselhos, opiniões, críticas, elogios, filosofias à parte, indagações e interpretações. tudo tão sincero... assim, comovente. uma visão raríssima. valiosíssima. um superlativo completo. ei-lo:

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gostei muito do que ouvi. mas. alguns pontos são importantes de se comentar...
às vezes sua interpretação, no que se refere ao tempo, especialmente, não fica clara para o ouvinte. uma coisa é quando a gente não segue o tempo à risca. é lindo! faz parte do que você sente com a melodia. outra coisa é quando o rubato rompe a fluência do som. é importante sentir e saber interpretar até o limite desta fluência, certo? outro ponto importante...
as suas ideias, algumas vezes, dão a entender um caminho determinado que deve ser concluído. e quando mais se espera essa conclusão, outra ideia vem por cima, surpreendendo o ouvinte de maneira muito confusa e até mesmo assustadora. entenda... é como num diálogo. imagine tudo o que se toca como se fossem palavras. é preciso concluir uma ideia para começar a falar de outra, senão fica tudo sem pé nem cabeça. o pé que termina uma coisa não é o mesmo pé que começa outra, entende? às vezes sinto que você mal terminou o que fazia ali e já chegou aqui assim, pulando, com os dois pés batendo forte no chão... é preciso caminhar. quanto ao improviso...
eu me perdi. não entendi o seu discurso. senti sílabas soltas que não deram sentido ao texto, sabe? acho que o improviso, para eruditos ou populares, leigos ou não, deve, sempre, surpreender e conduzir o ouvinte numa corrente ininterrupta e agradável de ideias, e não deixá-lo perplexo. no mais...
você tem em mãos uma técnica e um entendimento do instrumento que te permitem crescer ainda mais. aproveite o que tem em mãos com maior consciência. cada nota tem uma intenção. de onde ela vem, onde ela está e pra onde ela quer ir. e assim é com cada pausa. música é feita de som e de silêncio. música é arte feita no tempo. ele é a alma da música. é nele que ela flui, que ela é. a plenitude se alcança no som e no silêncio no lugar certo, na fluência do tempo.
"

é.
música não combina com inércia mesmo...!