quinta-feira, 10 de junho de 2010

uma cegonha e uma pergunta

sabe aquelas cegonhas? isso. as cegonhas que só conhecemos por cegonhas por suas eternas histórias maternas.
sonhei com um bando delas. eram muitas. milhares. tampavam todo o céu com suas penas brancas e seus panos levados nos bicos com alguma coisa dentro.
elas são surpreendentemente silenciosas, sabia? não berram porque estão carregando alguma coisa.
tentei ver o que era. cada cegonha parecia levar algo diferente. estavam muito concentradas. então uma delas saiu do bando e veio em minha direção, voando muito rápido. fiquei assustada. ela pousou com muita calma ao meu lado. deixou seu pano branco com coisa dentro ao seu lado e disse, apontando pra ele:
- sabe o que carrego aqui?
- não. - respondi, tentando não transparecer tanta curiosidade.
- não sabe mesmo?! - indagou irônica, aproximando seu bico baforento do meu rosto.
- não. o que é?
- é a sua alma, minha jovem!
- como é?
- é isso mesmo.
as outras cegonhas ainda voavam acima de nós. eram milhares.
- não entendo.
- o que te contaram sobre nós?
- mentiras.
- como sabe?
- sei que são mentiras. e sei que vocês não existem. e que estou sonhando. e que se você não me responder logo eu posso te matar.
- ora, ora... onde aprendeu a falar assim? parece que não lhe ensinaram a vida como deviam.
- o que você sabe sobre mim?
- sabe o que carrego aqui? - perguntou novamente, apontando novamente para o pano branco ao seu lado.
- sei. a minha alma.
- ora, ora... vocês continuam tolos! - disse, gargalhando, e saiu voando de novo.
deixou o pano branco onde estava.
- ei!
...
que raio de alma é essa?
abri o pano.


que raio de alma é essa?!