quarta-feira, 21 de abril de 2010

(contra)ponto - ensaio sobre a quinta espécie

a liberdade. e o limite.
aprendi o momento em que tudo é possível, desde que o aprendizado anterior seja mantido. o tempo corre como deseja. o desejo incide como o vento. não se sabe muito bem a hora de prosseguir, de parar, de bloquear, de deixar fluir. simplesmente acontece. aprendi que o efêmero existe. você pode tocá-lo. mas nunca (nunca!) sozinho. ao lado dele, literalmente unido, há outro efêmero. tão efêmero quanto você. tão fraco quanto seu espelho. e não há possibilidade alguma de que esse casamento ocorra em hora errada. é preciso (necessário e exato). não é possível exagerar. tal excesso não soa bem. a cada compasso, um casamento (se lhe soar imprescindível, apenas). se for de sua vontade, prossiga sem união. queira apenas uma. no auge. no fim, que tal? mas jamais (jamais!) conseguirá a mais plena (mesmo que efêmera) união se partir de algo muito distante dela. é preciso seguir devagar. passo a passo. sentir seu cheiro. refletir a seu respeito, para que, com muita segurança, a abrace levemente, sentindo seu pulso fraco, sua presença, até sentir seu fim, enfim. aprendi a prolongar o desagradável. por muito, muito tempo, sentindo cada pontada desta dor, até doer tanto, mas tanto...! que só um desmaio em travesseiro-de-plumas-de-ganso é capaz de curá-la.
aprendi que entre as felicidades podemos viver o desconhecido. o estranho e misterioso silêncio que soa ali, nos contra-auges.
não é possível parar pra sempre. algo deve ser feito antes que o tempo mude tanto que não haja mais saída.
aprendi o eterno retorno. a instância seguida da loucura... novamente, a instância (notando que esta loucura está muito próxima da tão buscada sanidade). aprendi que você pode parar, desde que saiba que tem que voltar... com estilo!
aprendi que tudo é possível, enfim. e que o limite da liberdade é ela mesma.